sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Propaganda


Pedra de Roseta

Ano 9, Xandikos, dia 4, que corresponde ao mês egípcio Mekhir, dia 18 [=27 de Março de 196 a.C.] no reino do jovem rei que ascendeu ao lugar de seu pai, o senhor da sagrada serpente uraeus cujo poder é grande, que protegeu o Egipto e o tornou próspero, cujo coração é piedoso perante os deuses, aquele que prevalece sobre o inimigo, que enriqueceu a vida do seu povo, senhor dos jubileus como Ptah-Tanen [deus de Mênfis], rei como Ré [o deus solar], senhor das Duas Terras, filho dos deuses que amam o seu pai, que Ptah escolheu e a quem o Sol deu a vitória, imagem viva de Amon, o filho do Sol, Ptolemeu, que vive para sempre, amado de Ptah, o deus manifesto cujo benefício é perfeito [Ptolomeu V Epifâneo Eucaristo]…

Tradução livre da abertura do texto da Pedra de Roseta, um decreto do supremo conselho sacerdotal de Mênfis, acerca das medidas de Ptolomeu V Epifâneo (205-180 a.C.). A Pedra de Roseta, escrita em egípcio hieroglífico, demótico e grego, para além da farta propaganda política, permitiu a Jean-François Champollion, em 1822,  decifrar a escrita hieroglífica, sendo por isso um documento histórico da maior importância. E que diria Champollion se visitasse hoje o Egipto, espantar-se-ia com a renitência de algum recalque faraónico?

Cf. RAY, John, The Rosetta Stone, London: Profile Books, 2007.
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