Segundo Zenão, filósofo grego de Eleia, nascido em 489 a.C., numa corrida entre Aquiles e uma tartaruga, se esta tiver um passo de avanço em relação ao primeiro, este nunca a conseguirá atingir, já que, antes de Aquiles atingir a tartaruga, teria que chegar primeiro ao lugar de onde a tartaruga partiu e, ao lá chegar, teria de novo que atingir aquele ponto de onde a tartaruga avançou mais um pouco, pelo que Aquiles se aproximará cada vez mais da tartaruga mas nunca a atingirá, nem tão pouco a ultrapassará.
Na interpretação de alguns, este argumento arruma-se com outras prosas zenónicas dedicadas a negar a realidade do movimento. Mas como pode um filósofo adepto da teoria parmenídea do ser – o que pressuporá que a compreendeu – negar o que lhe saltava à vista sempre que abria os olhos, a saber, que as coisas se movem?
Se é pensável que Zenão quis defender a teoria do ser de Parménides, também é pensável que Zenão não quisesse demonstrar a irrealidade do espaço e do tempo, ou seja do movimento que combina estes dois, mas quisesse, ao invés, negar a sua pensabilidade. Não a sua realidade. Como se o pensar exigisse fixação em algo que é, “…pois é o mesmo pensar e ser…”, como disse justamente Parménides.