sexta-feira, 13 de março de 2015

Erotismo, Sexualidade e Pecado na Definição Religiosa do Ocidente


Erotismo, Sexualidade e Pecado na Definição Religiosa do Ocidente

Curso Livre organizado por: Ciência das Religiões | Un. Lusófona
Início a 16 de Março
(2as, das 20 às 22h)
Campo Grande, Lisboa,
Inscrições através deste link.

Docentes:
Paulo Mendes Pinto
Susana Bastos Mateus


Descrição:
«Desde os tempos mais remotos que a sexualidade, como base da coesão das células comunitárias e como forma de agregação de indivíduos em torna da reprodução, se mostra como peça fundamental para compreender a organização social e os imaginários individuais e colectivos.

Desde, pelo menos, o Neolítico que arqueologicamente temos de relacionar a sexualidade com a própria noção de divino, e transportar esses códigos para a definição dos ritos, das crenças e das teologias.

Seja em torno das hierarquias e das formas de estruturara s sociedades, seja em torno da relação com o Cosmos e com a ciclicidade da natureza, o feminino e o masculino afrontam-se num quadro de sobrevivência das comunidades onde a sexualidade é imagem dos desejos sociais e dos medos ancestrais.

Herdeiros deste universo que plasma o macro no micro, onde a prostituição sagrada e o casamento estão enquadrados de formas agora inusitadas, veremos como os monoteísmos constroem novas realidades teológicas que enquadram moralmente práticas antigas, relegando-as para o mundo do que é tido como negativo. Exclui-se o corpo da teologia e defendem-se as asceses como metodologia de sublimação de um espírito cada vez mais desagregado do corpo.

O Cristianismo apenas se vai enquadrar nesta linha de História das Ideias onde a mulher será imagem de pecado e onde o erotismo e o sexo serão ferramentas do demónio.
Com um aparato imenso, quer teológico, quer de piedade pessoal, o Cristianismo irá sistematizar e forçar uma leitura dos Textos Sagrados na definição omnipresente e omnipotente, com as resultantes práticas de dor sobre o corpo e de punição em relação ao pensamento e às acções.

Hoje, dois milénios depois do nascimento do Cristianismo, o Ocidente tem uma matriz cultural onde os puritanismos do século XIX conviveram com formas de subversão dos dogmas e das normas. Ao longo do século XX deu-se toda uma revolução sexual que culminou numa imensa industria em torno da pornografia, ou de romances e filmes e séries televisivas repletas de imaginários de transgressão, como se apenas através da afronta fosse possível ultrapassar essa herança milenar.

Entre divãs de psicólogo, conselheiros espirituais e matrimoniais, hoje em dia temos um sociedade entre a tradição herdada da matriz religiosa dominante e novas práticas que muitas vezes se apresentam exactamente no sentido do reencontro com a Antiguidade, com o que de supostamente puro se encontra nas formas mais elementares de sociedade e civilização.»
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