segunda-feira, 28 de junho de 2010

Nihil ebrium

Taça de Nestor
Pitecusas, séc. VIII a.C.

Inscrição na “taça de Nestor”

“De Nestor sou a taça aprazível de beber
Aquele que beber esta taça vazia imediatamente
Um desejo de Afrodite de bela coroa (o) tomará”

A inscrição, uma das mais antigas com caracteres gregos (de influência fenícia), data do séc. VIII a.C. Escrita da direita para a esquerda, à maneira hebraica, foi encontrada num objecto conhecido como a “taça de Nestor”, em Pitecusas (ilha de Ischia, frente a Nápoles). Foi já proposta a associação (não identitária) com a taça de Nestor mencionada na Ilíada (XI, 632-637), o que pode ter resultado de referência literária ou de mera recolecção mitológica a partir de um substrato comum. Na Ilíada, “uma mulher semelhante às deusas” mistura vinho de Pramo e queijo ralado na taça de Nestor, após o que este conta uma longa história a Pátroclo. Mas aquele que beber da taça encontrada em Pitecusas, quando ela estiver vazia, será tomado pelo louco desejo de Afrodite. É pois um estranhíssimo caso em que uma taça vazia inebria mais do que uma cheia de vinho.

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Objectos do passado: o Estandarte de Ur


Estandarte de Ur
2600-2400 a.C.

Encontrado em Ur, no cemitério real desta antiga cidade suméria. Nomearam-no estandarte por se crer que tivesse sido usado no topo de um mastro. A sua função ainda não é conhecida, havendo quem pense tratar-se de uma caixa de ressonância musical. A sua figura actual resulta de uma reconstrução das peças de calcário vermelho e lápis-lazuli. Um dos painéis representa a Guerra, com carros puxados por duplas parelhas de burros que atropelam os inimigos; o painel do lado oposto representa a Paz, através de um banquete acompanhado de música lírica(?) e um cortejo de oferendas para o repasto.

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